segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Obrigado!

Ah poeta!
Ainda lembro de nosso primeiro encontro.
E como poderia esquecer?

Era inverno, lembra poeta?
Lembra como a chuva da manhã deixou sujos meus sapatos?
Como a pouca luz da sala fazia de todos nós fantasmas?

Eu era uma criança ainda.
Tinha em mim todos os sonhos e todos os medos do mundo.
E tu poeta?
Ah, tu tinha todos eles também.
Todos guardados em tuas linhas.

Como meus olhos brilhavam com tuas histórias.
Me imaginava pisando vulcões ao teu lado,
sentindo o cheiro úmido das florestas.
E muitas vezes podia jurar que a água do mar tocava meus pés.

Lembro como o cheiro do metal conquistador e assassino
me chegava às narinas da imaginação.
Como chorava ao ouvir de ti a realidade do pobre mineiro,
com sua face queimada pelo salitre impiedoso.

Lembro das lições sobre o amor e a igualdade.
Lembro das manhãs à teu lado,
aprendendo a também falar a língua dos rios.

Lembro também de como me falavas da tristeza
ao ver a maldade no coração do homem.
E de como me narrava os feitos de heróis de verdade,
de carne e osso e coração.

Ah poeta!
De ti roubei palavras para toda uma vida.
De ti roubei os mares, as lutas, as raízes e os sonhos.
Em tuas linhas vivo e não vivo em vão.

E tu poeta!
Daquela criança,
roubaste o coração.

Por: Yuri Pospichil

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