sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sortilégio

Quantas mais doidas faces
adentrarem meus nervos
a dizerem-me “marche”!,
mais longe de mim mesmo
entoarei sons acres
no lembrar de um beijo,

às penhoras das fisionomias
e do esboço sem perfil,
às mais roucas viuvinhas
de um fígado sem til,
ou a bênção das madrinhas
como enfeite feito vil.

Embora às unhas das senhoras
me asseio em dossiês,
ainda há alcunhas novas
entre as regras dos porquês,
misericórdia de umas bossas,
sortilégio do que crer,

das datas de algum lirismo,
de Dante ao verso machadiano
ressurjo no solar dos ímpios,
nascendo lavra de gadanho,
lacaio dum pobre distinto,
às laias tuas me apanho.

(Anderson Costa)

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